sábado, 8 de junho de 2013

08/06/2013 19h26 - Atualizado em 08/06/2013 19h26 Caminhada da Fraternidade acontece neste domingo 'botando fé' nos jovens


70 mil pessoas,entre crianças, jovens e adultos devem, participar do evento.
O tema deste ano da caminhada é ‘A gente Bota Fé na Juventude’.

Teresina celebrará o Dia da Fraternidade neste domingo (9). A data foi criada em 2010, através de um projeto de lei que institui o segundo domingo de junho como dia oficial para a realização da Caminhada da Fraternidade, evento organizado pela igreja católica há 18 anos na capital. A organização da Caminhada estima que na edição deste ano cerca de 70 mil pessoas, entre crianças, jovens e adultos, participem de uma das maiores manifestação de amor e solidariedade ao próximo que acontece no Piauí.
Voluntários trabalham que trabalham no Bazar da Caminhada da Fraternidade (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Voluntários que trabalham no Bazar da Caminhada da Fraternidade (Foto: Gilcilene Araújo/G1)


A 18ª Caminhada da Fraternidade reconhecerá o valor dos  jovens, por isso, o tema escolhido foi: ‘A gente Bota Fé na Juventude’. Esta é a primeira vez que o evento se volta para a juventude. Segundo Emília Nunes e Irene Nogueira, os temas da Caminhada são escolhidos de acordo com os da Campanha da Fraternidade, que neste ano também ressalta a importância dos jovens através do tema: "Fraternidade e Juventude".
“Os jovens são responsáveis pelas grandes mudanças políticas, sociais e comportamentais do mundo. Eles são capazes de derrubar muros, barreiras e mobilizar milhares de pessoas em prol de uma grande causa e por isso a Igreja Católica está apostando na juventude como uma dos principais evangelizadores da palavra de Cristo”, afirmou Irene Nogueira.

A programação tem início às 7h, com a celebração da Santa Missa e aquecimento no adro da Igreja São Benedito. A largada oficial da 18ª edição da Caminhada da Fraternidade será às 8h, e a caminhada seguirá pelas Avenidas Frei Serafim, João XXIII e Nossa Senhora de Fátima. O encerramento acontece na Avenida Universitária, próximo ao balão da Universidade Federal do Piauí, com bênção final e shows de bandas locais.

Evangelização através da juventude
Hudson Carvalho com os amigos durante a caminhada (Foto: Arquivo pessoal)Hudson Carvalho com os amigos durante a caminhada no ano passado  (Foto: Arquivo pessoal)
E é com este poder de transformação que Hudson Carvalho, de 23 anos, há 13 anos se reúne com os amigos para participar da Caminhada da Fraternidade. “Nós jovens demonstramos muita força, esperança, vitalidade em tudo que fazemos e porque não também na caminhada com Cristo? O evento também serve para mostrar que a igreja só será jovem quando os jovens forem à igreja. É um chamado!”, diz.
As universitárias, Jéssica Lima, 21 anos, e Ana Maria Pereira, de 23 anos, também comemoram o tema deste ano. Segundo elas, nesse tempo de mudança de época, é preciso olhar a realidade dos jovens e reapresentá-los o Evangelho como sentido de vida e missão.
Jéssica Lima acompanha a mãe nos preparativos da caminhada  (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Jéssica Lima acompanha a mãe nos
preparativos da caminhada (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
“O número de jovens que participam da caminhada da fraternidade cresce a cada ano. Logo, é preciso conscientizá-los da necessidade do cuidado com o outro e da importância de se construir um mundo mais justo e fraterno”, afirma Jéssica Lima. As duas cresceram vendo os pais participando da Caminhada da Fraternidade. O que antes era uma brincadeira se tornou missão e hoje elas ajudam nas vendas dos Kits da Caminhada.
Ana Maria foi a primeira caminhada desde a primeira edição com mãe Emilia (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Ana Maria foi a primeira caminhada desde a primeira
edição com mãe Emilia (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
“A primeira caminhada que participei lembro que tinha cinco anos de idade. Como minha mãe foi uma das primeiras pessoas se envolveu neste evento, eu sempre estive com ela nas reuniões, ajudei a ornamentar as avenidas antes da caminhada e fiz panfletagem. Os anos se passaram e atualmente ajudo vendendo os kits para os amigos da faculdade”, lembra Ana Maria.

O que poucas pessoas sabem é como esta corrente de solidariedade começou em Teresina e alcançou fiéis não apenas da igreja católica, mas pessoas que de alguma maneira sentem vontade de manifestar o amor ao próximo e contribuir com ações sociais.

Como tudo começou
Esta corrente de solidariedade nasceu da necessidade de manter o Lar da Fraternidade, entidade que presta atendimento à pacientes com AIDS.  Em 1995, o incômodo com a situação em que se encontravam os excluídos, que em Teresina, segundo o Padre Tony Batista, eram principalmente os portadores do vírus HIV, impulsionou a abertura de uma casa de passagem no bairro Planalto Ininga para auxiliá-los no tratamento.
Emília Nunes e Irene Nogueira foram ajudaram a criar a Caminhada da Fraternidade (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Emília Nunes e Irene Nogueira  ajudaram a criar a Caminhada da Fraternidade (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
Irene Nogueira e a Emília Nunes foram as primeiras a receber o chamado de Cristo, e logo, deram o sim, a um projeto que nem elas acreditavam que se tornaria tão grandioso. Juntos, o padre e as duas mulheres, conseguiram abrir uma casa que foi chamada de Lar da Fraternidade, mas o preconceito dos moradores com as pessoas atendidas foi uma das grandes dificuldades.
“Eles não aceitavam os doentes como seus vizinhos. Quebraram as portas e janelas. Outro problema foi a manutenção da casa e os gastos com alimentação e cuidados médicos e a rejeição dos familiares”, revelou o padre.
Caminhada surgiu do incômodo com a situação em que se encontravam os excluídos".
Padre Tony Batista, idealizador da Caminhada da Fraternidade
E não foi somente o preconceito da vizinhança que os idealizadores do Lar da Fraternidade tiveram que enfrentar. Em suas residências, parentes e familiares também eram contra o contato deles com os portadores do HIV.
Valdir Nogueira não aprovava a ideia da esposa trabalhar com aidéticos  (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Valdir Nogueira não aprovava a ideia da esposa
trabalhar com aidéticos (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
“Todos acreditavam que a doença era transmitida por um aperto de mão, um abraço e eu questionava a Irene se ela deveria mesmo trabalhar naquele lugar. Até que ela me mostrou a realidade dos beneficiados com o Lar da Fraternidade e decidi que também iria fazer minha parte para ajudar.”, diz Valdir Nogueira, esposo de Irene Nogueira.

Padre Tony Batista conta que a solução para as despesas veio através de dois amigos, médicos Dr. Carlos Henrique e sua esposa que tinham chegado dos Estados Unidos. Eles revelaram ao padre a realização de uma caminhada das celebridades.

“As pessoas pagavam pelos quilômetros andados por celebridades e o dinheiro arrecadado era doado para instituições de caridade. Com algumas adaptações, foi idealizada a Caminhada da Fraternidade, com as pessoas caminhando pela solidariedade e ajudando a manter o Lar da Fraternidade com a aquisição de uma camisa”, explica Tony.
As primeiras sementes plantadas
A primeira Caminhada, realizada no dia 23 de junho de 1996 com o tema 'Inspirar amor e segurança sem pegar AIDS', teve uma participação de apenas 500 pessoas. Porém, era o início da quebra do preconceito. Durante esses 18 anos, a caminhada foi ganhando corpo e a cada ano mais pessoas participam dessa celebração à solidariedade.

“Três mil pessoas saíram da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na zona Leste e seguiram em direção à igreja São Benedito. A contribuição das pessoas acontecia da seguinte forma: elas deveriam procurar seus patrocinadores ali mesmo, na rua, para serem pagas por cada quilometro que andassem, houve muito desvio de recurso", lembra Tony Batista.
Mosaico das edições passadas da Caminhada da Fraternidade (Foto: Adelmo Paixão/G1)Mosaico das edições passadas da Caminhada da Fraternidade (Foto: Adelmo Paixão/G1)

Em um ano o número de participantes triplicou mostrando que 'Caminhar era preciso', tema da segunda edição da Caminhada da Fraternidade em 1997. Nesse mesmo ano surgiu a ideia de transformaR o patrocínio em algo mais elaborado, sendo criados os kits(camisa + boné) que trazem a logomarca de empresas, instituições públicas e privadas e são vendidos à população.

Até o terceiro ano da marcha, os recursos eram investidos apenas no Lar da Fraternidade e foi neste mesmo período que outras  instituições passaram a receber doações das vendas dos kits. Era 'O despertar para a vida', tema da terceira Caminhada da Fraternidade.
Mosaico das edições passadas da Caminhada da Fraternidade (Foto: Adelmo Paixão/G1)Mosaico das edições passadas da Caminhada
da Fraternidade (Foto: Adelmo Paixão/G1)
Após 1998, a Ação Social Arquidiocesana (ASA) abraçou outras causas, projetos, bandeiras e outras pessoas também carentes da solidariedade humana foram lembradas. A ASA acreditou na força da fé e aceitou o desafio de ousar ainda mais multiplicando seus esforços de mobilização, através do engajamento de todos os seus programas, projetos e serviços, nessa construção de uma Cultura de Vida, orquestrada nas ruas pela batida dos corações das pessoas, movidas por uma atitude de pleno amor.

Na edição que aconteceu na virada do século no ano 2000, a Caminhada da Fraternidade abordou o tema 'Um novo milênio sem exclusão'. Entre os anos de 2000 a 2012, os temas da Caminhada da Fraternidade estiveram ligados aos temas da Campanha da Fraternidade, a realidade de exclusão social em Teresina, a luta pelos direitos humanos e preservação do meio ambiente e a paixão nacional: o futebol.

Colhendo os frutos
A Caminhada da Fraternidade é um evento de cunho social que tem objetivo de arrecadar fundos para a realização das atividades da Ação Social Arquidiocesana, que mantém trabalhos voltados para os  carentes da capital, idosos, crianças em situação de risco e pessoas com problemas de saúde que estão acolhidos no Lar da Fraternidade, Lar de Misericórdia e Maria Imaculada. Conheça um pouco do trabalho destas instituições:
Centro Maria Imaculada - O Centro Maria Imaculada de Reabilitação de Hansenianos desenvolve um trabalho de fundamental importância no processo de reabilitação do portador desta enfermidade, buscando além da cura, o fim do preconceito, através de informações eficazes e de uma ação solidária e de valorização da pessoa humana. Com infra-estrutura completa de atendimento, o Centro conta com laboratório de análise, centro cirúrgico, farmácia, sala de curativos, salas e ginásio de fisioterapia, odontologia e outros espaços destinados ao atendimento.
Possui uma sapataria especializada em calçados artesanais com palmilhas fabricadas com material próprio para o uso exclusivo dos hansenianos. Também faz adaptações em sapatos e pequenos consertos.
Lar de Misericórdia - Foi inaugurado em dezembro de 1996, surgiu com o propósito de abrigar pessoas carentes que vêm em busca de tratamento de saúde em Teresina. O Lar possui infra-estrutura para acomodação dos doentes, bem como dos seus acompanhantes.
Administrado por casais do movimento de Encontro de Casais de Teresina. Neste local os pacientes têm alimentação saudável, além de auxílio para os encaminhamentos necessários no momento da realização do tratamento. Normalmente, cada paciente da ASA (Ação Social Arquidiocesana) fica cerca de 30 dias no Lar, mas tudo depende da enfermidade e do nível de complexidade do tratamento. Alimentação é mantida através de doações e parcerias da ASA com a comunidade.
Lar da Fraternidade - criado em 1995, é uma  casa de apoio aos portadores de HIV/AIDS (Lar da Fraternidade) que atende atualmente 280 pacientes (homens, mulheres, crianças), internos ou em acompanhamento.

O Lar da Fraternidade tem o objetivo de amparar no amor de Deus, portadores de HIV/AIDS, independente de credo religioso, excluídos pela família e caracterizadamente carentes, oferecendo melhoria na qualidade de vida, através de moradia digna, alimentação equilibrada com acompanhamento dietoterápico, assistência médico-farmacêutica, assistência sócio-pscológica, enfermagem, atividade física, lazer, assistência espiritual cristã e o que é mais importante a reinserção familiar do portador.
 Pastoral do Menor - O Projeto Periferia, mantido pela Ação Social Arquidiocesana, com 17 anos de atuação junto às regiões mais carentes de Teresina, desenvolvendo ações de promoção e garantia da proteção integral de crianças e de adolescentes em suas próprias comunidades.
Casa Frederico Ozanam- é uma entidade de caráter beneficente e de assistência social, sem fim lucrativo. Seu objetivo principal é amparar pessoas idosas, proporcionando-lhes uma vida digna
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